sábado, 2 de abril de 2011

Entre o logro e a depressão

Estava vendo um documentário sobre o filme Vips - que nem sabia do que se tratava até o momento - e fiquei bastante impressionada.
Documentário parte 01
Documentário parte 02
Documentário parte 03
Algumas reflexões a esse respeito:
1- Não vi nada além do cartaz do filme, apenas esse documentário, mas achei a escolha do ator muito boa. Tanto o Wagner quanto o Marcelo têm a mesma forma de falar e de olhar. Quando olhei o Marcelo, lembrei na hora do Wagner.
E então fiquei aqui tentando imaginar o signo do rapaz. Tenho dúvidas se ele seria Gêmeos, Leão ou Sagitário. Ou talvez os três, em pesos correspondentes no mapa. Labia, Carisma e Inteligência aliada com visão de todo. Seria o funcionario que qualquer empresa gostaria de ter.
2- A ausência de medo. Uau! Quando vc não sente medo, você não tem limites e isso é muito bom. Cara, como eu queria ter isso. Acho que para algumas coisas eu aprendi não ter medo com o tempo, porque sempre tive medo de tudo, mas o medo do constrangimento ainda é o que impede dizer que superei o medo completamente. Detesto me sentir acuada e quando vejo alguém que não sente isso, fico realmente impressionada.
3- Uma passagem da historia de Buda me veio à mente enquanto via os comentários feitos na pagina do documentário - aquele lixo moralista sem um pingo de utilidade.
A passagem – a historia de Angulimal segundo Osho - está nesse link para quem quiser ler:
Mas o que eu relacionei com o documentário foi esse trecho:
"A essa altura os seguidores de Buda já haviam chegado cada vez mais perto. Estavam à sua volta e, quando ele se jogou aos pés de Buda, se aproximaram imediatamente. Alguém disse: “Não inicie esse homem, ele é um assassino!”
Buda disse mais uma vez: “se eu não o iniciar, quem o fará? E eu amo esse homem. Amo sua coragem. E posso ver uma enorme potencialidade nele: um único homem lutando contra o mundo inteiro. É esse tipo de pessoa que procuro, alguém que possa se levantar contra o mundo. Até agora ele enfrentou o mundo com uma espada, agora irá enfrentar o mundo com uma consciência, o que é muito mais afiado que qualquer espada. "
4- "Mãe, eu já estou morto". Muita inteligencia é algo muito cruel, porque tira os “véus” – parafraseando um amigo que sabe muito bem o que é sentir tudo isso -  que deixam a vida suportável. O rapaz a meu ver passa a imagem de alguém que perdeu as ilusões (a ausência de medo dá a impressão de alguém que no fundo do seu ser já sabe que não tem nada a perder) e isso aliado a uma inteligência tão aguda, o faz ter duas opções: a depressão ou o logro.
Ele já entendeu a grande ilusão que é a vida, e exatamente por isso não a leva mais a sério, criando suas próprias regras, sua própria moral - torta aos olhos do mundo. A desilusão com a policia, a recusa em seguir a opinião da mãe e "fundar uma religião"... Tudo isso me lembra o filme "The Believer", que conta a vida de um judeu skinhead.

Enfim, terminei de assistir o documentário com uma profunda sensação de tristeza. Não a tristeza de quem gostaria que o rapaz "tomasse jeito", mas uma tristeza de quem sabe o quanto é solitário ver o que ele vê, sentir o que ele sente. Uma tristeza de quem sabe o quanto as vezes faz falta aquele véu normótico que imbeciliza as pessoas. Mas que uma vez que cai, cai para sempre e vc está só.
Posso estar errada, posso estar romanceando, o cara pode ser só um babaca. Tomara que seja, porque se não for, eu realmente sinto muito pela solidão e a desilusão imensa que deve estar mascarada nesse logro todo.

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