quinta-feira, 21 de abril de 2011

sobre borboletas, transes e nascimentos...

Indo direto ao ponto, conversando com minha mãe sobre outros assuntos, onde eu explicava para ela o porque que eu não ia dar uma "forcinha" para facilitar uma determinada situação:

-mãe, vc já ouviu falar naquela historia da borboleta e do casulo?
-...
-a do cara que tentou ajudar a borboleta?
-acho que não, filha.
-era algo mais ou menos assim: o cara estava há dias acompanhando o casulo e no grande dia em que a borboleta começou a irromper, ele achou que poderia ajudá-la rasgando o resto do casulo. A borboleta tinha a força na medida justa para rasgá-lo. Sendo privada disso, deformou-se.
-nossa, filha, não sabia disso!
-pois é, às vezes ajudando a gente atrapalha.

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A questão é que enquanto eu contava essa história, minha experiencia holotrópica não saia da cabeça. Toda aquela tensão que se revelou em meu tronco, braços e boca, de repente se afigurou como a "deformação da borboleta" que depois de ficar horas se preparando para nascer, acabou não usando essa força e ficou com ela presa nos musculos até hoje - meio marte na 12º casa, saca?
Sinto falta dessa descarga e cada vez mais isso fica claro para mim.

Tenho certeza de que nós criamos a nossa própria realidade e dessa forma, acredito que sendo essa experiência tão forte, eu terei que fazer algo em relação a ela. Talvez um esporte, algum que permita a explosão dessa energia.

Penso que ficar sofrendo contrações durante todo o dia, naquela terça-feira de final de inverno em 1973, e ter nascido de cesária, se não deformou, incrustou nos meus musculos essa carga toda de tensão que não explodiu. O que me encaixa na chamada MBPII. Talvez seja exatamente por isso que depois de esclarecer tantas coisas em relação ao meu psiquismo, que me fez vencer o medo, não me sentir mais acuada, sem saida, na iminência do "fim do mundo", seja agora o momento de nascer de fato e desencruar toda esse energia que ficou presa dentro de mim.

A memória de nascimento diz que por maior que seja a tensão, ela não deve ser liberada porque a saída não depende disso. Mas então, como dissipar essa tensão?
Joseph Campbell fala sobre algo parecido. O nascimento de Cristo, o VirginBirth, nas verdade é o segundo nascimento do homem, no qual ele tem total participação, que não vem do chackra básico e sim do cardíaco.

Acredito que esteja  chegando a minha hora...

sábado, 16 de abril de 2011

...continuo tentando desvendar o Eneagrama...

Dia desses vendo num site os elementos que compoem o Eneagrama separados, vi que o eixo que liga os tipos 1,2,4,5,7,8 formava um padrão que me lembrou os controles de um marionete, a saber: a guia de madeira representaria os eixos 1/7 e 2/8, enquanto que as linhas eram representadas pelos eixos 1,2/4 e 7,8/5. Isso me deixou intrigada. Depois de trocar algumas idéias (destacando o comentário da Leandra em relação aos introspectivos tipos de ancoragem 4 e 5) resolvi escrever o que entendi.

Essa é a forma com a qual o Eneagrama começou a fazer um pouco mais de sentido para mim. Divido com vocês.


O Eneagrama conforme meu entendimento é uma estrutura tridimensional dentro de uma esfera, composta por dois vetores de expansão (eixo 8/2 e 7/1), ancorados em dois pontos introspectivos (4/5) e apoiados em um ponto superior (9) do triangulo (3/6/9) chamado por Maitri de “o triangulo da queda”.
Segundo ela, “... o que representa o triângulo formado pelos Pontos Nove, Seis e Três, que constituem o chamado triângulo interior do eneagrama. Esse triângulo interior simboliza o processo arquetípico de perda de contato com o Ser ou Verdadeira Natureza e de desenvolvimento de uma personalidade ou estrutura egóica, e constitui-se assim no fundamento de todos os outros tipos.”
E mais pra frente no livro A DIMENSÃO ESPIRITUAL DO ENEAGRAMA, ela diz: “Ponto Nove representa o princípio de perda de contato com nossa natureza essencial; e, como esse distanciamento em relação à Verdadeira Natureza é comum a todos os egos, todos os outros tipos podem ser vistos como variantes deste arquétipo fundamental da personalidade. Para dizer a mesma coisa de outra maneira, este tipo é o que mais puramente se vincula às questões relativas ao esquecimento do nosso verdadeiro ser o adormecimento da nossa natureza profunda , e os outros tipos são variações ou ornamentos desse princípio básico que reside no coração do ego.” Por isso aqui ele é o apoio, o ponto de equilíbrio de todo o sistema. Dessa forma o triangulo deixa de ser uma entidade isolada como aparenta ser na estrutura 2D conhecida e passa ser o eixo estruturação e apoio de todo o sistema, tanto para a identificação com o Condicionado, o Ego, quanto para a desidentificação posterior, quando da busca pelo Incondicionado, pela Essência.

Os dois pontos inferiores (4/5) são pontos de ancoragem que ficam na base do triangulo, o eixo 3/6. São pontos de introspecção ativa(4) ou passiva(5) que forjam e dão base ao restante do sistema. Entendo que no caminho do 3 ao 6 acontece um movimento de interiorização e aprofundamento do ser, um processo de cristalização, de embasamento que depois do seis, volta a ascender rumo ao nove.
Ainda segundo Maitri: “No medo está implícita uma fuga perante o buraco; paradoxalmente, é essa fuga esse evitar, que dão ao buraco o sentimento de deficiência. Enquanto nós o rejeitamos, ele nos incomoda. No momento em que o aceitamos e abrimo-nos para ele, o que parecia uma ausência torna-se uma plenitude imbuída daquela mesma qualidade da Essência que parecia nos fazer falta. Segundo o mapa do triângulo interno, esse movimento que leva do medo ao vazio e deste à plenitude da Essência é o que leva do Ponto Seis ao Ponto Nove” 

E mais adiante ela conclui:A repetição das experiências de passar pelos buracos e entrar em contato com a natureza essencial vão fazer com que, finalmente, nós deixemos de identificarmo-nos com a personalidade para identificarmo-nos com a Essência.”

E dessa maneira todos os pontos estão correlacionados. O que antes estava isolado, agora está independente, mas não isolado. E dessa forma, a meu ver, o sistema está integrado.

domingo, 10 de abril de 2011

Rascunhos para respostas do Módulo II - Parte I

A primeira pergunta do Módulo II,“Escreva seu tipo predominante e estabeleça a relação com seu momento atual”  pode começar a ser respondida pelo post do dia 07/04. Como complemento que me ocorre agora, reforço alguma coisas.
Meu tipo é definitivamente o Tipo IX, mesmo que apenas eu perceba que é.
Percebo como muito forte em mim a falta de energia desse tipo, ela é assustadora porque eu não imagino como fortalecer a minha vontade, ela só é forte quando associada a outras pessoas. O mecanismo foi esse durante todo o tempo: aprender como funcionam os outros e depois associar-me a eles para ter a força que falta para fazer o que tem que ser feito. Isso é o ponto principal da minha vida desde sempre, mesmo que disfarçado de qualquer outra coisa ao longo das fases pelas quais eu já passei.
Outra coisa que caracteriza a minha certeza quanto ao Tipo IX, é que apesar de ter formas mais “intolerantes” de proceder hoje em dia – no meu trabalho, por exemplo -, eu SEMPRE consigo entender o que move as pessoas a fazerem o que fazem, por mais que sejam ofensivas ou incompreensíveis aos outros. Isso sempre criou uma dificuldade grande no passado, onde eu era meio que “terapeuta da humanidade”, compreendendo todo mundo e passando por cima de mim mesma. Foi uma vitória muito grande dos últimos tempos definir meus limites, mesmo entendendo os motivos que levam as pessoas a fazerem o que fazem. Isso na verdade poderia fazer de mim uma Tipo VI contra-fóbico, que me decepcionaria demais.
Por outro lado - e é isso que faz com que ninguém acredite que eu sou um Tipo IX e sim um Tipo IV - eu NUNCA, EM HIPÓTESE ALGUMA, me misturo na multidão, mesmo que tenha um jeito mais ou menos indireto de fazer isso. Eu sou Eu. Com "E" maiúsculo. Nunca conseguiria, por exemplo, escrever um texto sobre qualquer assunto, mesmo sendo técnico, sem colocar em primeira pessoa, sem colocar minhas considerações a respeito, sem criar o MEU jeito de escrever. E não é por capricho: eu simplesmente não consigo! Se tento fazer diferente, corro risco de auto-sabotagem.
Eu não vejo nenhum atrativo em fazer coisas só pra mim, ao mesmo tempo que sou  tremendamente introspectiva. Eu preciso interagir com os outros porque dessa forma existe movimento, ao mesmo tempo que quero todo mundo a uma distância segura.
“Uma arvore que cai no meio de uma floresta e ninguém viu, na verdade nunca existiu.” Esse é outro aspecto forte da minha personalidade. Mesmo que perceba a poesia da solidão da árvore anônima caindo solitária na floresta densa, eu não gostaria  ser essa árvore!
Por isso tudo eu diria que meu tipo básico é o Tipo IX, mas que ele foi moldado pelo Tipo IV e pelo Tipo V. Isso me faz sentir hoje em dia como um balão de hélio, leve, leve, mas que está com a ponta da corda presa em algum lugar que ainda não sacou muito bem qual seja.
Outro ponto característico do Tipo IX é a fuga de si mesmo. Isso seria uma ironia considerando o quanto eu sou buscadora em relação ao que eu sou. Mas pensando criticamente, isso pode ser apenas uma fachada de alguém que busca e vai até onde começar a “doer”.  Sérgio - Tipo V - sempre dizia que eu tinha o hábito de fazer milhões de exames e não levar pro médico. Ou se levava, não fazia o tratamento.  Mesmo tudo isso que eu escrevo aqui, é como se juntasse todas as coisas que acho pertinentes para "jogar no colo de alguém que saiba como resolvê-las". Talvez eu já tenha ferramentas suficientes para eu mesma resolver meus problemas – talvez já até tenha resolvido mais problemas do que penso ter feito - mas fico esperando encontrar alguém com quem trabalhar, com quem interagir, e com isso e eu continuo me sentindo uma “ursa com pernas de rã” ou um “balão de hélio preso por uma cordinha a algum lugar”.
(Perceba como o balão de hélio é uma espécie de metáfora para o Tipo IX: leve, flutua, mas é tremendamente influenciado por qualquer coisa mais densa que esteja a sua volta. Sem peso, sem profundidade... As vezes acho que é a mascara do Tipo IV que disfarça a indignação de ser um nada levado pelo vento, que é o que sinto do Tipo IX)
Enfim, continuarei lendo mais para ver se consigo VER melhor como acontece essa dinâmica dos tipos na minha psique, pelo menos. Afinal, pode até parecer que estou me apegando a imagem que faço de mim mesma associando a essa fixação com o Tipo IX... Mas se eu conseguir VER como isso realmente acontece, aceitarei qualquer outro tipo de bom grado... até o Tipo VI ou III (que eu detesto!)RS,
 Afinal, sou só uma leiga, lendo sobre um novo assunto...

Rascunhos para respostas do Módulo II - Parte II

E foi na verdade a segunda e a terceira pergunta que me fizeram perceber que esse assunto não ficou muito claro.


 
Eu sei que a resposta correta para a pergunta: "Como o eneagrama está relacionado com o conceito de vida e ego da Abordagem Integrativa Transpessoal?" está relacionada com a perda de contato com a "Essência" (relacionado com o Conceito de Vida), com o "Incondicionado" em nós. Sendo que o "Incondicionado"  é o que nós esquecemos até os quatro anos de idade (citando Sandra Maitri), e o "Condicionado" é o que construímos a partir daí, contornando nossos sofrimentos, cortes e diferenciações, acreditando como sendo "Nós" na totalidade (Conceito de Ego).

E para a terceira pergunta: "Como acontece o desenvolvimento da personalidade no sentido do ser total?"  entendo o Eneagrama como uma ferramenta que pode tanto nos mostrar onde "dormimos" - onde estamos condicionados e identificados - como tb onde "acordamos" - onde podemos começar o trabalho de reconexão com essa "Essência".
Faz sentido lógico para mim, mas ainda não sentido profundo. Até agora todos os livros que consultei (Os nove tipos de personalidade - Naranjo/ O Eneagrama - Palmer/ A dimensão Espiritual do Eneagrama - Maitri) parecem presos nos tipos (com exceção do ultimo que comecei agora) de uma maneira que a lógica da dinâmica entre eles, ainda não me está clara. Ainda não consegui VER (e não entender, porque entender com a cabeça eu já consegui) como essa função espiritual do Eneagrama acontece.
Este video que segue abaixo me parece chegar bem perto do que eu imaginava, para poder começar a visualizar os conceitos. O rapaz é Reichiano e abordou os tipos de uma forma mais corporal ("musculos e emoções são a mesma coisa", UAU!), falando dos instintos e das emoções básicas.

Com poucas palavras ele me fez entender muito bem alguns pontos: o lance do "vício emocional" e do "seqüestro de si" - a propósito, entender as coisas por simbolos e metáforas... olha o Tipo IV aí...
Concluíndo agora em relação a minha vida: a questão que já está clara há algum tempo e que eu não consegui ainda consolidar: Eu preciso de vida real! Estou cansada de “Mind Games”. Vivi trinta e poucos anos dentro da minha cabeça, agora quero o corpo e não faço idéia de como isso acontece. E temo nunca saber.
Precisava de um canal que conciliasse toda essa parafernália simbólica que delineei ao logo de todos esses anos ao corpo e a realidade física. Afinal, EU SOU DE VIRGEM COM ASCENDENTE EM TOURO, MARTE EM TOURO E NODO NORTE EM CAPRICORNIO, CACETE! Só a Lua, Mercúrio e Jupiter é que são em signos de ar... Preciso consolidar a terra!!!!
O xamanismo podia ser uma boa pedida, mas eu queria ser menos urbana...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Somos ou estamos?

Durante muito tempo na minha vida, principalmente na minha infância, eu tive medo de tudo. A vida era uma engenhoca em falso que podia desabar catastroficamente a qualquer momento. Morria de medo de assalto, de brigas em casa, de fatalidades, do fim do mundo... A vida era muito chata nessa época. A minha vida no Tipo VI foi inerte.
Teve uma época que fui Tipo I. Herdei isso de minha mãe. Ou melhor, tentava ser assim para agradar a ela. Foi no dia em que resolvi que iria “me consertar”. Na época em que achei que tinha que levar a vida a sério e ir até o fim no “fazer tudo direitinho”. Determinava agendas, estipulava horários, prazos e tudo perfeitamente pensado e encaixadinho. Nessa época eu enlouquecia com a quantidade de detalhes que via no que tinha que fazer e paralizava por perceber que não conseguia fazê-lo. Furava agenda, me sabotava, e desesperava... Até que desisti. Mesmo assim, durante muito tempo continuei sendo Tipo I na minha vida emocional, quando achava que a castidade era a virtude primordial de uma mulher. Acho que eu ainda sou assim, os ideiais estão muito acima das minhas necessidades...
Durante uma época da minha vida eu fui Tipo II. Nessa época, minhas poucas amigas mais próximas eram as que mais conheciam esse lado. Um lado generoso, carente e agitado que sempre era deixado na mão, e que ia resmungar sozinha no quarto: “depois de tudo o que fiz por elas...” Um lado que quando percebia uma brecha, queria se tornar essencial, mas que depois não agüentava o peso de ser tão indispensável.
Em uma época, caminhei para o Tipo IV. Isso sem dúvida eu herdei do meu pai. Dramática, única, original, ao mesmo tempo em que se culpa pela incompetência de não conseguir ser feliz, interessante e integrada ao meio como todas as pessoas de minha idade. Eu era apenas uma bobagem original sem razão e sem sentido. Nessa época, na minha vida emocional, tudo era um drama mexicano, rasgado, suado e sofrido... O que ficou dessa época foi a arte: na escrita, nos desenhos, nos pensamentos. Sem duvida esse mundo dramático me faz ver a vida de uma forma muita mais interessante, mas viver dessa forma o tempo todo é muito cansativo.
Eis que num tempo de minha vida eu aprendi que tinha direito de ser reservada. Isso eu herdei do Sérgio, meu ex-marido. Aprendi que não havia razão para que eu evitasse a solidão. Que conviver com as pessoas era uma coisa desgastante e que já era hora de eu perceber que as coisas e as pessoas tinham tempo de validade: que a gente não pode dar e ficar sem. Foi esse período Tipo V que deu substancia e base para tudo o que sou agora. Esfriou o drama do Tipo IV mas consolidou sua visão poética de mundo, amadureceu a doadora carente Tipo II em alguém que não acha mais que tem que agradar, mas agrada quando precisa, apagou os medos do Tipo VI de forma a fazer ver que “do chão não passa”, a acreditar mais na vida...
Hoje eu tenho uma personagem para o mundo e uma para mim. A personagem do mundo é agressiva, enérgica, decidida, sem frescuras e muito direta. Um Tipo VIII total. Só não é mais porque o período Tipo II já havia drenado minha vontade de ser mãe e hoje em dia não quero mais ninguém dependendo de mim. E aí tem a personagem que guardo para mim... Essa sabe o quanto tem vontade fraca e o quanto é sucetivel ao envolvimento com outras pessoas. Essa personagem Tipo IX sabe que na verdade nada mais é que um espelho do seu redor, que na verdade reflete o que precisa para continuar existindo. Alguém que sabe que a existência é algo interdependente e que sabendo disso fica difícil impor sua mera vontade aos outros. Alguém que sabe que agora é feliz, ou pelo menos falta bem pouco para ser.
Faltam então os Tipo VII e o Tipo III.
O mundo do Tipo VII para mim é intrigante, exatamente por eu entender o Tipo IV e o Tipo V: Eu não sei fugir da tristeza nem da solidão, pelo contrário, é por elas que eu cresço, são elas que desembaçam meus olhos. Não consigo fugir da dor. Compartilho da presença de muitos amigos Tipo VII, e os adoro! Mas não consigo entrar e compreender seus mundos da maneira que consigo compreender os dos demais tipos.
Se o Tipo VII eu não consigo compreender, o Tipo III para mim é um total enigma. Não tenho referencia nem de conhecer alguém dessa turma...
Como será que eles se incorporarão em minha vida... E depois deles, o que virá?

Enfim, será que “somos” ou “estamos” os tipos com os quais nos identificamos...?

Ainda sobre o Eneagrama

Hoje eu estava lendo as questões relacionadas ao conteudo dado no ultimo módulo da Pós e as achei um tanto complexas. Acho que terei que ouvir novamente as aulas para tentar entender e fixar a relação entre o primeiro e o segundo módulo.
Preciso dar uma lida com calma na primeira para do livro da Helen Palmer, para entender melhor os subtipos e as pulsoes associadas a eles.


De qualquer forma, publico aqui uma pagina que acabei de achar que tem uma abordagem legal do eneagrama.


http://www.fredport.com/enea.htm

sábado, 2 de abril de 2011

Entre o logro e a depressão

Estava vendo um documentário sobre o filme Vips - que nem sabia do que se tratava até o momento - e fiquei bastante impressionada.
Documentário parte 01
Documentário parte 02
Documentário parte 03
Algumas reflexões a esse respeito:
1- Não vi nada além do cartaz do filme, apenas esse documentário, mas achei a escolha do ator muito boa. Tanto o Wagner quanto o Marcelo têm a mesma forma de falar e de olhar. Quando olhei o Marcelo, lembrei na hora do Wagner.
E então fiquei aqui tentando imaginar o signo do rapaz. Tenho dúvidas se ele seria Gêmeos, Leão ou Sagitário. Ou talvez os três, em pesos correspondentes no mapa. Labia, Carisma e Inteligência aliada com visão de todo. Seria o funcionario que qualquer empresa gostaria de ter.
2- A ausência de medo. Uau! Quando vc não sente medo, você não tem limites e isso é muito bom. Cara, como eu queria ter isso. Acho que para algumas coisas eu aprendi não ter medo com o tempo, porque sempre tive medo de tudo, mas o medo do constrangimento ainda é o que impede dizer que superei o medo completamente. Detesto me sentir acuada e quando vejo alguém que não sente isso, fico realmente impressionada.
3- Uma passagem da historia de Buda me veio à mente enquanto via os comentários feitos na pagina do documentário - aquele lixo moralista sem um pingo de utilidade.
A passagem – a historia de Angulimal segundo Osho - está nesse link para quem quiser ler:
Mas o que eu relacionei com o documentário foi esse trecho:
"A essa altura os seguidores de Buda já haviam chegado cada vez mais perto. Estavam à sua volta e, quando ele se jogou aos pés de Buda, se aproximaram imediatamente. Alguém disse: “Não inicie esse homem, ele é um assassino!”
Buda disse mais uma vez: “se eu não o iniciar, quem o fará? E eu amo esse homem. Amo sua coragem. E posso ver uma enorme potencialidade nele: um único homem lutando contra o mundo inteiro. É esse tipo de pessoa que procuro, alguém que possa se levantar contra o mundo. Até agora ele enfrentou o mundo com uma espada, agora irá enfrentar o mundo com uma consciência, o que é muito mais afiado que qualquer espada. "
4- "Mãe, eu já estou morto". Muita inteligencia é algo muito cruel, porque tira os “véus” – parafraseando um amigo que sabe muito bem o que é sentir tudo isso -  que deixam a vida suportável. O rapaz a meu ver passa a imagem de alguém que perdeu as ilusões (a ausência de medo dá a impressão de alguém que no fundo do seu ser já sabe que não tem nada a perder) e isso aliado a uma inteligência tão aguda, o faz ter duas opções: a depressão ou o logro.
Ele já entendeu a grande ilusão que é a vida, e exatamente por isso não a leva mais a sério, criando suas próprias regras, sua própria moral - torta aos olhos do mundo. A desilusão com a policia, a recusa em seguir a opinião da mãe e "fundar uma religião"... Tudo isso me lembra o filme "The Believer", que conta a vida de um judeu skinhead.

Enfim, terminei de assistir o documentário com uma profunda sensação de tristeza. Não a tristeza de quem gostaria que o rapaz "tomasse jeito", mas uma tristeza de quem sabe o quanto é solitário ver o que ele vê, sentir o que ele sente. Uma tristeza de quem sabe o quanto as vezes faz falta aquele véu normótico que imbeciliza as pessoas. Mas que uma vez que cai, cai para sempre e vc está só.
Posso estar errada, posso estar romanceando, o cara pode ser só um babaca. Tomara que seja, porque se não for, eu realmente sinto muito pela solidão e a desilusão imensa que deve estar mascarada nesse logro todo.